São Paulo, 10/11/2020 – As preocupações da indústria brasileira com escassez de matéria-prima chegaram a níveis históricos em outubro. A reclamação de falta de insumos como principal fator que limita a expansão da produção atingiu os maiores níveis desde 2001 em 14 dos 19 segmentos da indústria, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) cedidos com exclusividade ao Broadcast. Mas apesar de perspectivas de que esse hiato pode ser fechado nos próximos meses, deve haver consequências: aumento de preços em diversos segmentos.
Os dados constam em uma abertura da Sondagem de Confiança da Indústria, na qual as empresas são questionadas acerca do principal fator limitante da produção. Como a pergunta só é feita no primeiro mês de cada trimestre, os resultados de outubro de 2020 são comparados com a média histórica para o mês.
As empresas do setor de vestuário foram, até agora, as que mais sentiram efeitos da escassez de matéria-prima. A falta de insumos foi reportada como principal fator limitando o aumento da produção por 74,7% do setor em outubro, muito acima da média histórica para o mês, de 0,5%.
A escassez de matéria-prima também aparece como principal fator que impede o aumento da produção para uma parcela relevante das empresas de produtos de plástico (52,8%), limpeza e perfumaria (39,1%), farmacêutica (34,2%) e informática e eletrônicos (33,1%). Também citaram o problema empresas dos ramos de produtos de metal (31,0%), couro e calçados (31,1%) e química (27,9%).
Apesar das sinalizações positivas, a FGV também captou riscos para o futuro. Os setores da indústria mais afetados pela falta de insumos projetam encarecimento das matérias-primas das quais dependem nos próximos três meses. No segmento de vestuário, 78,7% das empresas projetava aumento dos custos de insumos comprados no mercado interno, e 71,4% esperavam encarecimento também das matérias-primas do mercado externo.
No mercado doméstico, também esperam aumento dos preços de insumos as empresas do setor de petróleo (92,8%), plástico (85,9%), têxtil (81,8%) e química (73,4%). No mercado externo, os setores que mais antecipam crescimento dos custos são limpeza e perfumaria (61,3%), plástico (59,5%), informática (51,5%) e metalurgia (50,8%).
Fonte: FIESP